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novembro 24, 2013

ESTAMOS DOENTES DE BRASIL, por Enio Mainardi

ESTAMOS DOENTES DE BRASIL, por Enio Mainardi

Eu o conheci no ano de 1971...

Ia ser inaugurado o primeiro trecho da Rodovia dos Imigrantes, trecho ainda no planalto paulista. Como assessor do professor Oswaldo Campiglia, presidente do Dersa, participei de algumas reuniões com agências de publicidade para a escolha do “slogan” e da peça publicitária a ser divulgada na inauguração da que é, hoje, a mais moderna rodovia do país.

Se não me falha a memória, a agência do Enio Mainardi era a “Standart” ou “Vanguard” ?!? A explanação retumbante do Enio, com seu figurino colorido e impactante (a gravata “parecia” gritar: “sou moderníssima, pra frentex!”), foi um show de carisma caindo “pelas tabelas”...rsrsrs

O SLOGAN: “É O FIM DA PICADA!”
Em minha modesta opinião, vencida majoritariamente, era o retrato da realidade para a ligação São Paulo/Santos. Com todo respeito à Via Anchieta, sempre moderna, charmosa e muito bem construída, a ligação do planalto paulista com o litoral estava totalmente “sufocada” pelo desenvolvimento e pela demanda dos paulistanos e paulistas pelo “caminho do mar”...

Mas me ficou aquela imagem altamente positiva e moderna do Enio Mainardi...
Anos depois, muitos anos...eis que passo a ler, na revista VEJA, os artigos do seu filho, o Diogo Mainardi, a mais corajosa e talentosa revelação do jornalismo brasileiro após Paulo Francis!

E, hoje, este artigo iluminado, verdadeiro “ALERTA” para a “intelligentzia brasileira”, com a tentadora opção da “guerrilha” como melhor caminho para “O FIM DA PICADA” na qual se transformou esta Terra de Santa Cruz:

ESTAMOS DOENTES DE BRASIL

Se pudéssemos, falo pela maioria dos que conheço e convivo, iríamos embora daqui. Largar mão, vender tudo e recomeçar a vida em outro lugar, outro país. Aqui não dá mais. Viramos filme de zumbi, daqueles infelizes meio-mortos que só podem ser abatidos com tiro na cabeça. E nos arrastamos nessa agonia, infinitamente, tentando manter um mínimo de sanidade mental, dentro dos nossos guettos. Cada um teu seu ponto de fervura, seu motivo-limite particular para desistir deste país que vai adoentando cada dia mais. Este é o lugar onde nascemos e fomos criados. Nossa Pátria. Aprendemos a cantar o hino nacional, mesmo sem entender direito aquela letra absurda. Vemos o dístico "ordem e progresso" escrito na bandeira e temos vergonha daquele slogan, que transformou o pendão nacional num outdoor de mau gosto e mentira. Hoje não sabemos mais nem quantas estrelinhas representam quantos estados em nossa bandeira nacional. Projetos de lei pipocam no congresso querendo fracionar o território brasileiro em mais e mais estados, buscando cargos, comissões, burocracia - para gerar ainda mais corrupção. O estado brasileiro não me representa, tenho horror dele, odeio os seus políticos, nem sei mais por onde começar minha lista de enormes chateações e desgostos. Este pais virou uma propriedade de gente de 2a., nós todos sendo tocados que nem boiada na direção do matadouro. Minha razão pessoal por me sentir tão alquebrado e desiludido, hoje, neste minuto, foi provocada pela notícia de que o general Peri, supremo comandante das Forças Armadas, está hesitando em revogar a medalha do Pacificador outorgada ao Genuíno por medo de uma reação raivosa da Dilma. Nem vou amaldiçoar a covardia e oportunismo de nossos homens públicos. Quero então, aqui, neste momento histórico, me levantar da mesa do computador e bater continência ao ilustre General. Muito obrigado por confirmar, ainda outra vez, minha vontade de me tornar um imigrante. A outra alternativa é fazer que nem a Dilma: partir para a guerrilha.