A exemplo do Ano da França (2009), a idéia é que o Momento Itália/Brasil (2011) destacasse as mais diversas facetas da identidade italiana no Brasil: a história e a memória, estreitando os laços afetivos entre os dois países. E nas comemorações dos 130 Anos da Imigração, nada mais justo e representativo da atuação dos imigrantes italianos no Brasil do que se destacar a vencedora trajetória do mais ilustre deles: CONDE FRANCESCO MATARAZZO!
130 Anos da Imigração Italiana
Transformações profundas mudavam o perfil da sociedade brasileira nos campos da literatura, da arte e da música: desde a revolucionária Semana de Arte Moderna de 1922 até a nova música que surgia carregada de folclore e brasilidade na maestria criativa de Heitor Villa Lobos...
Ao mesmo tempo que a crise de 1929/30 abalava, de forma definitiva, as estruturas econômicas e sociais da sociedade brasileira, havia algo de novo, havia esperança: era a crescente industrialização paulista! O grande fluxo de imigrantes italianos trazidos em sua grande maioria para a cafeicultura, passou a dar nova característica à sociedade paulista: muitos vieram tentar uma nova vida, nas cidades, ou como dizem, para “fazer a América!”
A Industrialização no Brasil
A Revolução Industrial Brasileira ainda não foi dimensionada, analisada, refletida e pesquisada. Não foi também programada para uma ampla pesquisa via internet. Quando isso acontecer, o grupo MATARAZZO terá, com certeza, reconhecida a sua inigualável importância.
Francisco (Francesco) Matarazzo , com 27 anos imigra para o Brasil em busca de novas perspectivas. Chega com espírito empreendedor (1881) e completa, em 1934, o auge de sua evolução econômico-social. No artigo “Conde Francisco Matarazzo: O Empreendedor do Século XX”, no link abaixo, pode-se ter uma completa visão do que foi a grande e vitoriosa experiência de Francisco Matarazzo no Brasil.
Conde Francisco Matarazzo: O Empreendedor do Século XX / leia aqui
Resumindo: em 1934, as Industrias Matarazzo assumiam o seu auge que foi crescente até 1950, quando chegou a possuir 38 mil e setecentos funcionários, com controle acionário majoritário ou expressivo em 365 empresas, possuindo 12 unidades navais, uma Casa Bancária, enfim, um complexo industrial que chegou a ter o terceiro orçamento do Brasil! É indiscutível a grandiosidade do “Império Matarazzo” no processo de industrialização do Estado de São Paulo e, portanto, do Brasil. O interior do estado e todo o Brasilse espelhava na força, ousadia e competência desse empreendedor valoroso.
A Industrialização no Interior/O exemplo é o Conde Matarazzo/ leia aqui
O ESTADO MATARAZZO
O ANO DE 1934 foi considerado o ANO MÁGICO para as INDÚSTRIAS MATARAZZO:
“Assis Chateaubriand vai chamar, em 1934, esse grupo industrial de “O ESTADO MATARAZZO”, lembrando que São Paulo tinha uma renda bruta de 400 mil contos e o parque industrial Matarazzo uma receita de 350 mil, acima de qualquer outra unidade federativa brasileira...O Conde Matarazzo, financeira e economicamente é o segundo Estado do Brasil...”
Matarazzo motiva o Empreendedorismo dos imigrantes italianos
No inicio dos anos 20, a então poderosa colônia italiana no Brasil e, em especial no Estado de São Paulo, atingia o auge de sua prosperidade. Era mais unida e o sentimento da origem comum ainda era forte. A colônia italiana tinha a sua escola, a sua banda musical, o seu jornal, o seu clube social, o seu teatro, os seus estabelecimentos comerciais, as suas fábricas e até a sua loja maçônica. Longe deles qualquer sentimento divisionista, ao contrário, o que havia era uma natural aglutinação de pessoas com a mesma origem, os mesmos costumes, a mesma paixão pelas coisas...
Como ocorrera, com muito sucesso, na capital, onde a colônia italiana erguera o imponente Hospital Umberto Primo (Hospital Matarazzo), em 1904, ampliando-o sucessivamente, o exemplo passou a ser seguido pelos núcleos mais expressivos dos imigrantes italianos nas cidades do interior do estado.
E, como exemplo, vamos retratar uma cidade do interior paulista: Botucatu. Estava situada no limite de onde chegara a Estrada de Ferro Sorocabana, em 1889 e dali partindo para a conquista do interior, “plantando” cidades com o progresso que as suas poderosas paralelas levavam: Lençóis Paulista, Bauru, Assis, Ourinhos e Presidente Prudente se destacando entre tantas outras...
Na segunda metade dos anos 20, Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) já tinha completado seu ciclo produtivo: com fazenda de gado, curtume, fábrica de calçados (máquinário importado da Alemanha) e loja de comércio, sendo que exportava calçados para a França e a Alemanha. Era um imigrante empreendedor de sucesso. Mas tinha um grande sonho: um hospital para atender a forte colônia italiana de Botucatu e dirigido por seu filho primogênito, Aleixo, que se formara em Medicina pela Real Universidade de Parma, na Itália. Assim, inaugurou a Casa de Saúde Sul Paulista, em 1928, trazendo como seu Diretor Clínico, o Professor Titular de Cirurgia Clínica da Real Universidade de Nápoles, Dr. Ludovico Tarsia que tivera que se exilar no Brasil por problemas políticos na Itália.
O exemplo de Botucatu é meramente referencial a mostrar o Empreendedorismo dos Imigrantes a se espalhar por todo o Brasil. No artigo “EMPREENDEDORISMO DOS “ORIUNDI” NA SAÚDE!/ CASA DE SAÚDE SUL PAULISTA – 1928”,que pode ser lido no link abaixo, além do artigo “Projeto do Novo Milênio, com as raízes do passado.../Progetti da Capomillenio, con i segni del passato...”, também no link abaixo, dá para visualizar o que foi a saga de uma família italiana, que veio em 1887 para o Brasil e soube construir o seu legado às futuras gerações.
EMPREENDEDORISMO DOS “ORIUNDI” NA SAÚDE!/ CASA DE SAÚDE SUL PAULISTA – 1928/ leia aqui
Projeto do Novo Milênio, com as raízes do passado.../Progetti da Capomillenio, con i segni del passato.../ leia aqui
Um Matarazzo Mecenas da Cultura Brasileira
Francisco Antonio Paulo Matarazzo (Francisco Matarazzo Sobrinho), conhecido como Ciccillo Matarazzo, era sobrinho do Conde Francisco Matarazzo e nasceu na capital paulista. Após recusar por duas vezes o convite do Rei da Itália para que participasse do Senado Italiano, o Conde Matarazzo indicou seu irmão, Ângelo Andrea Matarazzo, pai de Ciccillo, para o Senado Italiano.
E Ciccillo Matarazzo viria a ser o grande promotor das artes, indiscutivelmente o grande Mecenas da Cutura Brasileira. Estudou dos 10 anos aos 20 anos na Itália, como era costume das famílias italianas, àquela época, mandarem estudar seus filhos na Pátria-Mãe. Também estudou Engenharia, sem concluir o curso, em Nápoles e na Bélgica. Juntamente com o primo Julio Pignatari dirigiu a Metalúrgica Matarazzo – Metalma. Em 1943, casou-se, no México, com Yolanda Penteado, de tradicional família paulista.
No artigo “Ciccillo Matarazzo: Mecenas da Cultura Brasileira”, que pode ser acessado no link abaixo, dá para se ter uma idéia da grandiosidade de sua obra cultural e da dedicação com que ele elevou a interação Itália/Brasil.
Ciccillo Matarazzo: o Mecenas da Cultura Brasileira!/ leia aqui
A cultura brasileira teve a marca pessoal de Ciccillo Matarazzo: o Teatro Brasileiro de Comédia, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, a Cinemateca Brasileira, a construção do Parque do Ibirapuera, o Museu de Arte e Arqueologia da Universidade de São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, o Presépio Napolitano, o Balé do 4º Centenário e as representações brasileiras nas Bienais de Veneza.
Momento Itália/Brasil – 2011
O ano de 2011 marcou um momento especial para a comunidade italiana no mundo e particularmente no Brasil. Motivos não faltaram:
- os 150 anos da unificação italiana;
- os 65 anos da proclamação da República;
- os 130 Anos da Imigração Italiana;
- os 100 Anos do Circolo Italiano;
- os 100 Anos do Colégio Dante Alighieri.
ITÁLIA UNIDA : 150 ANOS – 1861/2011
As festividades do Ano da Itália no Brasil (Momento Itália/Brasil) tiveram início no dia 15 de outubro, na Cinelândia/Rio de Janeiro, ao ar livre, com cem artistas italianos e brasileiros , entre acrobatas, dançarinos e atores. Em São Paulo, no dia 16 de outubro, foi realizado um concerto do quarteto da Osesp na Sala São Paulo, no dia 16 de outubro. Os músicos executarão obras de compositores italianos na primeira parte do espetáculo e de Villa-Lobos, na segunda parte. Além de uma exposição no Conjunto Nacional, outra iniciativa é um ônibus especial que fará um city tour por pontos ligados à colônia italiana na capital, chamado de “Conheça a Itália sem sair de São Paulo”.
Momento Brasil/Itália reserva grandes atrações para São Paulo/ leia aqui
Bienal do Livro de Alagoas dará destaque à Itália/ leia aqui
O Símbolo do Momento Itália/Brasil
A marca, a chancela, o símbolo do Momento Itália/Brasil foi criado pelo publicitário Washington Olivetto, também ele descendente de italianos. O Ano da Itália no Brasil, teve cerca de 500 eventos por 11 cidades de todo o Brasil. Já no dia 12 de outubro, os Correios emitiram um selo comemorativo do Momento Itália/Brasil, trazendo o bonito trabalho de Washington Olivetto que fez uma “parceria” entre o Coliseu e o Cristo Redentor. O cantor e ex-ministro Gilberto Gil fez a canção oficial em parceria com a cantora italiana Irene Grandi.
As comemorações vão com eventos de mostras de design e cinema até amistoso de futebol, além de uma edição especial da São Paulo Fashion Week. Nas principais cidades do país, os eventos já estão programados. O Embaixador da Itália, Gherardo La Francesca, animado em percorrer o Brasil, afirmou: “só no primeiro mês, rodaremos 19.345 quilometros. É como percorrer os extremos da Itália por 16 vezes.”
Com cerca de 30 milhões de descendentes italianos, o Brasil é um dos países que mais recebeu imigrantes. Em São Paulo são cerca de 6 milhões de descendentes, praticamente a metade da população da capital.
Esse é o MOMENTO ITÁLIA/BRASIL !
2 comentários:
Ufa! O trabalho ficou pronto! O “Momento MAIOR Itália/Brasil = Conde Francesco Matarazzo!” é fruto de pesquisas feitas por vários anos. Fui construindo, pedra a pedra, o edifício-representativo da importante contribuição da Colônia Italiana à construção do Estado Brasileiro. Tão perfeita e motivada foi essa participação que, hoje, a Colônia Italiana já está completamente integrada à pujante Nação Brasileira.
E o trabalho está centrado na vida magnífica desse empreendedor singular que impulsionou o nosso país industrialmente, sem nunca esquecer a “Mãe-Pátria”. E o título de CONDE dado pelo Rei da Itália é a prova provada do merecimento desse imigrante italiano: Conde Francesco Matarazzo!
E São Paulo, com as Industrias Reunidas Francisco Matarazzo – IRFM, passou a ser exemplo para todo o interior do Estado e para outras colônias localizadas em outros estados. Assim, o Hospital Humberto Primo (conhecido como Hospital Matarazzo) motivou iniciativas menores, mas no mesmo sentido. A Maternidade do Hospital Matarazzo era considerada a maior e a melhor da América Latina. Da mesma forma, a industrialização no interior do estado, seguiu, também em menor escala, o exemplo do complexo industrial Matarazzo.
A citação da cidade de Botucatu/SP é meramente referencial. Em Sorocaba ( a “Manchester Paulista”), Jundiaí, Ribeirão Preto e em outras cidades o desenvolvimento industrial ocorreu com igual ou maior amplitude.
E, finalmente, a CULTURA! A atuação de Ciccillo Matarazzo é impressionante e exuberante. Incansável batalhador e visionário, sabia conviver com diferentes realidades culturais e, captar delas, a essência a ser preservada para as futuras gerações. A sua atuação como Presidente da Comissão do IV Centenário, escolhendo o Ibirapuera para os eventos e contratando o arquiteto Oscar Niemeyer para projetar os prédios e Roberto Burle Max para fazer o paisagismo, já dá a sua dimensão e visão, sendo certo que estava ocorrendo em São Paulo, uma “avant-première” do que seria Brasília nas mãos desses dois gênios: Niemeyer e Burle Max!!!
Este trabalho, espero, há de dignificar a participação pioneira e entusiasta dos imigrantes italianos na construção da Pátria Brasileira!
A presença italiana na região sudeste representou um verdadeiro processo de transferência de cultura( conhecimento, tecnologia e costumes) que enriqueceu sobremaneira este país.A ideia inicial e recorrente de se substituir mão de obra escrava mostrou a fragilidade das lideranças do café e surpreendeu pela superação das competências, habilidades e da força de trabalho!
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