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julho 07, 2017

9 DE JULHO E A GRANDE VITÓRIA PAULISTA!!!



1934

Vitória Paulista!!!


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A vitória da Revolução Constitucionalista de 1932 só aconteceu em 1933/34, com a nomeação de um civil e revolucionário para o Governo Paulista e a realização da CONSTITUINTE!!

“Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”. (Getúlio Vargas)





Os paulistas queriam a CONSTITUIÇÃO e a AUTONOMIA DOS ESTADOS e, na luta pela volta do país ao Estado de Direito, na luta cívica de 1932, queriam a convocação da Assembléia NacionalConstituinte. Esse foi o compromisso claro na mobilização para o Movimento de 1930, descumprido pelo Governo Provisório e que levou São Paulo a pegar em armas em 1932: a volta ao Estado de Direito e a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte para a elaboração de uma Constituição Democrática.

Foi o maior movimento cívico vivido pelo povo brasileiro.

Apesar do movimento revolucionário de 1930 ter recebido amplo apoio das forças e lideranças políticas paulistas, os seus objetivos foram fraudados pelo caudilhismo, representado por Getúlio Vargas. Uma vez instalado no Poder, Vargas passou a governar fora do Estado de Direito, violando as mais elementares regras democráticas.

Congresso Nacional, as Assembléias Estaduais e as Câmaras Municipais foram fechadas, todos os Governadores dos Estados (Presidentes) foram depostos e a Constituição de 1891 (preparada porRui Barbosa) foi revogada. O caudilho Vargas passou a governar o Brasil através de Decretos-Leis (1930/32).

São Paulo assumiu a liderança de exigir o retorno do país ao pleno Estado de Direito. A insatisfação grassava por toda parte e a permanência, que não era provisória, dos governantes federais no poder era a negativa do ideário pregado para o sucesso do movimento de 30.

De início, com o apoio de vários Estados da Federação, principalmente do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, sendo certo que os gaúchos tiveram papel significativo no incentivar, mobilizar e apoiar a tomada de posição dos paulistas. No entanto, o grande poder decooptação do Poder Central conseguiu isolar São Paulo. Sozinhos, os paulistas levantaram a Bandeira da Constituição.

Revolução Constitucionalista objetivava, tão somente,autonomia administrativa, eleições Constituição, ou seja, a volta do país ao pleno Estado de Direito. E, a partir daí, realizar a tarefa de modernizar o país, erradicar as injustiças e os erros que um regime político em descompasso com a evolução da humanidade não havia conseguido captar na Primeira República. Nada de separatismo como apregoavam os asseclas do Ditador...

A mobilização foi unânime! As diferenças político-partidárias ficaram para traz. São Paulo soube compreender o momento cívico que estava vivendo e soube levantar, bem alto, a Bandeira da Legalidade!



E o coração de São Paulo havia sangrado no final de maio/32 quando, numa manifestação da população paulistana com a presença de muitos estudantes de direito, pela autonomia de São Paulo e a favor da Constituinte, houve violenta repressão policial. Da ação violenta contra a população, quatro estudantes paulistas foram assassinados: Euclides Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade. As siglas dos nomes dos mártires (Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo) deram origem ao MMDC, entidade que passou a representar a “alma dos paulistas” na luta que se iniciou a 9 de julho de 1932 contra um Governo Provisório (e que nada tinha de provisório) que não respeitava a autonomia de São Paulo e nem o Estado Democrático de Direito.

A participação da intelligentzia paulista na mobilização da população foi fundamental. A nossa intelectualidade tomou posição firme, quer através do trabalho da pena, quer pela força da palavra, assumindo com a clareza de suas ideias a imprensa, a tribuna parlamentar, os pronunciamentos nos comícios e nos microfones radiofônicos. Resumindo: a mobilização cívica da população!

Todos sabem o desfecho dessa que foi a mais importante ruptura da unidade nacional: a guerra civil de 32, levando irmãos ao mais grave enfrentamento. Os gaúchos – salvo algumas lideranças democráticas que mantiveram a palavra de incentivo e apoio irrestrito – abandonaram os paulistas. O mesmo ocorreu com os mineiros e com as forças militares da capital federal. São Paulo ficou sozinho na batalha para poder gerir a si próprio e  pelas eleições e pela Constituição Democrática.

São Paulo não ganhou a guerra civil, desproporcional sob todos os aspectos, mas saiu vitoriosa, indiscutivelmente, saiu vitoriosa: Ditador Getúlio Vargas teve, essa é a verdade, teve que convocar as Eleições Constituintes !

 Haviam conseguido “brecar” São Paulo pelas armas, mas o povobrasileiro já havia sido “contaminado” pelo patriotismo e pelo desejo de ver o Estado de Direito reimplantado no país! Os ideais constitucionalistas da Revolução de 32 fincaram profundas raízes no sentimento patriótico do povo brasileiro.

Ditador Vargas não teve outra opção se não a convocação daAssembléia Nacional Constituinte. A nível nacional e nos Estados, foram eleitos os Deputados Constituintes com a missão de elaborar aConstituição de cada unidade federativa.  E na Nova Constituição, oVOTO SECRETO e o VOTO FEMININO foram consagrados!

Com o objetivo de resgatar a atuação valorosa dos paulistas é que fizemos esta interpretação histórica da epopéia cívica de 1932. Esse o cenário real em que se desenvolveu a luta armada e é a mais bela página do exercício da cidadania pelo povo paulista.

A Assembléia Nacional Constituinte

Getúlio Vargas, por Decreto, regulamenta o funcionamento daAssembléia Nacional Constituinte. Com a vitória militar, Vargas se sentia forte o suficiente para amenizar o clima e o espírito constitucionalista que a Revolução Constitucionalista de 32 criara em todo o pais. Assim, através de Decreto Lei, dispunha as atribuições da ANC e, entre muitas, a que deveria eleger o Presidente da República.

Pelos paulistas conseguiu-se o que parecia impossível: a união de suas forças políticas: o PD – Partido Democrático e o PRP – Partido Republicano Paulista, com o apoio da Federação de Voluntários (dos ex-combatentes de 32) e da Associação Comercial de São Paulo,fizeram a “Chapa Única por São Paulo Unido”. Foram mantidas as estruturas partidárias independentes.

As eleições para a Constituinte, foram realizadas no dia 03/05/1933. A Chapa Única elegeu 17 dos 22 representantes do Estado. Logo após as eleições, Vargas conseguiu aproximar-se da oposição paulista e fazer a tão desejada aliança.
No dia 21/08/1933, um “civil e paulista”, combatente de 32, toma posse como Interventor Federal em São PauloEngº Armando de Salles Oliveira.

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“Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”.

Armando de Salles Oliveira/Registro Histórico/ leia aqui


  Com essas palavras, Getúlio Vargas procurava garantir o seu futuro político. O esperto gaúcho mostrava que não era por acaso que estava no comando do país. Sabia fazer política e tinha visão clara do futuro e da importância de compor e dar, como vitorioso, tratamento adequado aos adversários de ontem...

  No Palácio Tiradentes, no dia 16 de julho de 1934, era oficialmente promulgada a nova Constituição da República. A partir daí, Assembléia Nacional Constituinte se transforma provisoriamente em Câmara dos Deputados.

  No dia seguinte, 17/07/34, é eleito Getúlio Vargas como Presidente da República do Brasil, com mandato de 4 anos. E no dia 20 de julho, toma oficialmente posse do cargo.

  Finalmente, a 14 de outubro de 1934 são realizadas eleições para a Câmara de Deputados e para as Assembléias Constituintes dos Estados. Além de elaborarem as respectivas Constituições Estaduais, elegeriam os governadores e senadores, transformando-se provisoriamente em assembléias ordinárias.

A esperteza e a capacidade do Ditador Getúlio Vargas em cooptar seus adversários políticos sempre foi reconhecida. E Vargas soube compreender a dimensão da patriótica mobilização paulista: um perigo que poderia contaminar todo o povo brasileiro. Assim, em agosto de 1933, em um gesto próprio de quem tem a inteligência e a sagacidade para ficar discricionariamente 15 anos no poder central (1930/45), estendeu aos paulistas, sem limitações, as reivindicações mais prementes que levaram à deflagração do movimento insurrecional paulista: a autonomia na gestão do governo paulista e a fixação das datas das eleições constituintes.

Armando de Salles Oliveira foi nomeado, em 1933, Interventor Federal até a sua eleição, pelos Deputados Estaduais Constituintes, eleitos em 1934, como Governador do Estado de São Paulo, em abril de 1935. Uma das condições para que Armando Salles aceitasse o convite foi a da concessão de anistia aos revoltosos de 32, que puderam retornar do exílio. Mesmo derrotados na luta armada, os constitucionalistas alcançaram os seus objetivos políticos.

O escritor Hernâni Donato, em seu livro “A Revolução de 32”,edição Círculo do Livro/Livros Abril, 1982, pág.177, destacou a importância dessa escolha:

“Particularmente aos paulistas, que seguiam amargando a  rendição particular, Getúlio quisera fazer provar a 21 de agosto de 1933 o sabor aliciante, desarmante, de alcançar um objetivo obstinadamente perseguido. Nomeou  Armando de Sales Oliveira – civil e paulista – para a interventoria federal em São Paulo. Assinando o decreto, enfatizava: “Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”.

“Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”.

Jogada de mestre do caudilho gaúcho, mas que representou a possibilidade de reagrupamento da cidadania paulista e a efetiva possibilidade de se provar a capacidade administrativa dos revolucionários constitucionalistas e o indiscutível sentimento de unidade nacional que sempre os motivou.

Fruto da Revolução de 32, a mobilização dos paulistas para as eleições presidenciais de 1937 foi o maior acontecimento político da época. Com as eleições estaduais para a Constituinte Paulista de 1934 e o governo arrojado e inovador de Armando de Salles Oliveira, o Brasil passou a se espelhar e a esperar que o grande democrata paulista levasse para todo o Brasil, as novas e modernas técnicas de bem gerir o serviço público que implantou em São Paulo, além da verdadeira revolução educacional com a criação pioneira da USP – Universidade de São Paulo.

O governador Armando Salles trouxe para a gestão pública a experiência que tivera ao criar, na iniciativa privada, moderna empresa voltada ao treinamento e formação de gestores. Essa sua atuação no setor produtivo repercutiu muito em todo o país, especialmente com a criação bem sucedida do IDORT – Instituto de Desenvolvimento Organizacional do Trabalho. O IDORT preparava lideranças para a boa e eficiente gestão administrativa, além do ensinamento das modernas e eficientes técnicas organizacionais de trabalho. Ao mesmo tempo e também em iniciativa pioneira e revolucionária, Armando Salles investiu maciçamente na educação e implantou as Escolas Profissionais (posteriormente, denominadas Escolas Industriais) na capital e no interior do estado.

Assim, estavam elencados os objetivos imediatos: modernizar o serviço público, investir na educação prioritariamente e implantar novas e produtivas técnicas organizacionais para a otimização da máquina estatal.

O Estado Novo. O Exílio.  A Derrota da Democracia...

Em 1937, Getúlio Vargas dá o Golpe de Estado e implanta o Estado Novo (10/11/1937). A democracia é derrotada. A Constituição de 1934é revogada. As Casas Legislativas (Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores) são fechadas. Os GovernadoresPrefeitos são depostos; são nomeados os Interventores Federais. AsBandeiras dos Estados são queimadas em praça pública pelo Ditador Vargas! O caudilho Vargas passa a governar por Decretos Leis...

Esse filme já foi visto em 1930...

No mesmo dia do golpe, Armando é preso em seu apartamento do Rio de Janeiro. É enviado para Minas Gerais onde fica isolado até maio de38. Em novembro (03/11/1938), segue de navio para a Europa. Era o desterro. Era o exílio que duraria até 07 de abril de 1945, quando regressaria, já muito doente, falecendo em São Paulo (17/05/1945).

Em sua última homenagem, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a presença dos amigos e familiares. O caixão é fechadoCarregam o esquife os profs. Jorge Americano, Gabriel Rezende, André Dreyfus, Benedicto Montenegro, Teotônio Monteiro de Barros, Soares de Faria, Fonseca Telles, Pacheco e Silva, Zeferino Vaz e Waldemar Ferreira.  Os discursos do prof. Jorge Americano, Reitor da USP, do prof. André Dreyfus, Diretor da FFCL e do acadêmico Waldir Troncoso Peres, orador do Centro Acadêmico XI de Agosto. No cemitério da Consolação, Otávio Mangabeira proferiu, de improviso, ao baixar o corpo à sepultura, belíssimo e comovente discurso.

outubro 27, 2014

Ruy Barbosa mostra o caminho para a Pátria dividida...

Ruy Barbosa mostra o caminho para a Pátria dividida...



No momento em que o país passa por tão difícil situação política, com os valores republicanos sendo postos de lado e o exercício da política sendo praticado sem o idealismo e a retidão tão necessários, é oportuno elevar, da FRASE DA SEMANA, para texto deste post, as palavras definitivas de Rui Barbosa sobre a Pátria, a Política e os Políticos.

O Brasil está doente. Vivemos uma DEMOCRACIA MEIA-SOLA. Vivemos uma eleição presidencial na qual não houve o DEBATE dos temas necessários e, sim, o simples EMBATE , o ENFRENTAMENTO PRIMATA entre os candidatos, no qual afloraram a mesquinharia, as agressões, as mentiras e a falta de brasilidade...

Vamos mobilizar a nossa sociedade civil. Vamos convocar a "intelligentzia brasileira". Vamos MUDAR o Brasil. É possível! É viável! E só depende da SOCIEDADE ORGANIZADA!

Vamos nos espelhar no exemplo e no CREDO POLÍTICO de RUY BARBOSA. Vamos colocar o BRASIL acima das paixões partidárias. A MUDANÇA virá pelas mãos da SOCIEDADE CIVIL acima de posições políticas e ideológicas, será uma mobilização suprapartidária. Será o Brasil - Unido de Norte a Sul ! - a consolidar sua DEMOCRACIA, sob o ESTADO DE DIREITO e com um DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL!!!






Visitei, pela primeira vez, a CASA DE RUI BARBOSA, no Rio de Janeiro, em 1965, com Décio, meu irmão mais velho. Foi um impacto poderoso que definiria o meu caminhar na cidadania para sempre. Voltei mais vezes. Levei meus filhos. E espero voltar muito em breve. Abaixo, o texto escolhido para a frase da semana “capturado” pela colaboradora Regina Claudia Brandão dos Santos:


Frase da Semana 

A frase da semana, desta vez, são três parágrafos que compõem um texto de Rui Barbosa, e que foi escolhido por ser tão tocante, que poderia não haver mais grande coisa a dizer depois dele.

Credo político

Meu país conhece o meu credo político, porque o meu credo político está na minha vida inteira.

Creio na liberdade onipotente, criadora das nações robustas; creio na lei, emanação dela, o seu órgão capital, a primeira das suas necessidades; creio que, neste regímen, não há poderes soberanos, e soberano é só o direito, interpretado pelos tribunais; creio que a própria soberania popular necessita de limites, e que esses limites vêm a ser as suas Constituições, por ela mesma criadas, nas suas horas de inspiração jurídica, em garantia contra os seus impulsos de paixão desordenada; creio que a República decai, porque se deixou estragar confiando-se ao regímen da força; creio que a Federação perecerá, se continuar a não saber acatar e elevar a justiça; porque da justiça nasce a confiança, da confiança a tranqüilidade, da tranqüilidade o trabalho, do trabalho a produção, da produção o crédito, do crédito a opulência, da opulência a respeitabilidade, a duração, o vigor; creio no governo do povo pelo povo; creio, porém, que o governo do povo pelo povo tem a base da sua legitimidade na cultura da inteligência nacional pelo desenvolvimento nacional do ensino, para o qual as maiores liberalidades do tesouro constituíram sempre o mais reprodutivo emprego da riqueza pública; creio na tribuna sem fúrias e na imprensa sem restrições, porque creio no poder da razão e da verdade; creio na moderação e na tolerância, no progresso e na tradição, no respeito e na disciplina, na impotência fatal dos incompetentes e no valor insuprível das capacidades.

Rejeito as doutrinas de arbítrio; abomino as ditaduras de todo o gênero, militares ou científicas, coroadas ou populares; detesto os estados de sítio, as suspensões de garantias, as razões de Estado, as leis de salvação pública; odeio as combinações hipócritas do absolutismo dissimulado sob as formas democráticas e republicanas; oponho-me aos governos de seita, aos governos de facção, aos governos de ignorância; e, quando esta se traduz pela abolição geral das grandes instituições docentes, isto é, pela hostilidade radical à inteligência do País nos focos mais altos da sua cultura, a estúpida selvageria dessa fórmula administrativa impressiona-me como o bramir de um oceano de barbaria ameaçando as fronteiras de nossa nacionalidade.” -

Rui Barbosa/Resposta a César Zama. Discurso no Senado Federal em 13 de outubro de 1896. Obras Completas de Rui Barbosa, Vol. XXIII, 1896, tomo V, p. 37/38 -

Fonte: Fundação Casa de Rui Barbosa - www.casaruibarbosa.gov.br

novembro 08, 2013

1933/2013- 80 Anos da Vitória Paulista!!!


1933/2013-
Vitória Paulista!!!
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A vitória da Revolução Constitucionalista de 1932 só aconteceu em 1933, com a nomeação de um civil e revolucionário para o Governo Paulista!

“Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”. (Getúlio Vargas)
Os paulistas queriam a CONSTITUIÇÃO e a AUTONOMIA DOS ESTADOS e, na luta pela volta do país ao Estado de Direito, na luta cívica de 1932, queriam a convocação da Assembléia Nacional Constituinte. Esse foi o compromisso claro na mobilização para o Movimento de 1930, descumprido pelo Governo Provisório e que levou São Paulo a pegar em armas em 1932: a volta ao Estado de Direito e a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte para a elaboração de uma Constituição Democrática.

Foi o maior movimento cívico vivido pelo povo brasileiro.

Apesar do movimento revolucionário de 1930 ter recebido amplo apoio das forças e lideranças políticas paulistas, os seus objetivos foram fraudados pelo caudilhismo, representado por Getúlio Vargas. Uma vez instalado no Poder, Vargas passou a governar fora do Estado de Direito, violando as mais elementares regras democráticas.
O Congresso Nacional, as Assembléias Estaduais e as Câmaras Municipais foram fechadas, todos os Governadores dos Estados (Presidentes) foram depostos e a Constituição de 1891 (preparada por Rui Barbosa) foi revogada. O caudilho Vargas passou a governar o Brasil através de Decretos-Leis (1930/32).
São Paulo assumiu a liderança de exigir o retorno do país ao pleno Estado de Direito. A insatisfação grassava por toda parte e a permanência, que não era provisória, dos governantes federais no poder era a negativa do ideário pregado para o sucesso do movimento de 30.
De início, com o apoio de vários Estados da Federação, principalmente do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, sendo certo que os gaúchos tiveram papel significativo no incentivar, mobilizar e apoiar a tomada de posição dos paulistas. No entanto, o grande poder de cooptação do Poder Central conseguiu isolar São Paulo. Sozinhos, os paulistas levantaram a Bandeira da Constituição.
A Revolução Constitucionalista objetivava, tão somente, autonomia administrativa, eleições e Constituição, ou seja, a volta do país ao pleno Estado de Direito. E, a partir daí, realizar a tarefa de modernizar o país, erradicar as injustiças e os erros que um regime político em descompasso com a evolução da humanidade não havia conseguido captar na Primeira República. Nada de separatismo como apregoavam os asseclas do Ditador...
A mobilização foi unânime! As diferenças político-partidárias ficaram para traz. São Paulo soube compreender o momento cívico que estava vivendo e soube levantar, bem alto, a Bandeira da Legalidade!

E o coração de São Paulo havia sangrado no final de maio/32 quando, numa manifestação da população paulistana com a presença de muitos estudantes de direito, pela autonomia de São Paulo e a favor da Constituinte, houve violenta repressão policial. Da ação violenta contra a população, quatro estudantes paulistas foram assassinados: Euclides Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade. As siglas dos nomes dos mártires (Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo) deram origem ao MMDC, entidade que passou a representar a “alma dos paulistas” na luta que se iniciou a 9 de julho de 1932 contra um Governo Provisório (e que nada tinha de provisório) que não respeitava a autonomia de São Paulo e nem o Estado Democrático de Direito.
A participação da intelligentzia paulista na mobilização da população foi fundamental. A nossa intelectualidade tomou posição firme, quer através do trabalho da pena, quer pela força da palavra, assumindo com a clareza de suas ideias a imprensa, a tribuna parlamentar, os pronunciamentos nos comícios e nos microfones radiofônicos. Resumindo: a mobilização cívica da população!
Todos sabem o desfecho dessa que foi a mais importante ruptura da unidade nacional: a guerra civil de 32, levando irmãos ao mais grave enfrentamento. Os gaúchos – salvo algumas lideranças democráticas que mantiveram a palavra de incentivo e apoio irrestrito – abandonaram os paulistas. O mesmo ocorreu com os mineiros e com as forças militares da capital federal. São Paulo ficou sozinho na batalha para poder gerir a si próprio e  pelas eleições e pela Constituição Democrática.
São Paulo não ganhou a guerra civil, desproporcional sob todos os aspectos, mas saiu vitoriosa, indiscutivelmente, saiu vitoriosa: o Ditador Getúlio Vargas teve, essa é a verdade, teve que convocar as Eleições Constituintes !
 Haviam conseguido “brecar” São Paulo pelas armas, mas o povo brasileiro já havia sido “contaminado” pelo patriotismo e pelo desejo de ver o Estado de Direito reimplantado no país! Os ideais constitucionalistas da Revolução de 32 fincaram profundas raízes no sentimento patriótico do povo brasileiro.
O Ditador Vargas não teve outra opção se não a convocação da Assembléia Nacional Constituinte. A nível nacional e nos Estados, foram eleitos os Deputados Constituintes com a missão de elaborar a Constituição de cada unidade federativa.  E na Nova Constituição, o VOTO SECRETO e o VOTO FEMININO foram consagrados!
Com o objetivo de resgatar a atuação valorosa dos paulistas é que fizemos esta interpretação histórica da epopéia cívica de 1932. Esse o cenário real em que se desenvolveu a luta armada e é a mais bela página do exercício da cidadania pelo povo paulista.

A Assembléia Nacional Constituinte

Getúlio Vargas, por Decreto, regulamenta o funcionamento da Assembléia Nacional Constituinte. Com a vitória militar, Vargas se sentia forte o suficiente para amenizar o clima e o espírito constitucionalista que a Revolução Constitucionalista de 32 criara em todo o pais. Assim, através de Decreto Lei, dispunha as atribuições da ANC e, entre muitas, a que deveria eleger o Presidente da República.
Pelos paulistas conseguiu-se o que parecia impossível: a união de suas forças políticas: o PD – Partido Democrático e o PRP – Partido Republicano Paulista, com o apoio da Federação de Voluntários (dos ex-combatentes de 32) e da Associação Comercial de São Paulo, fizeram a “Chapa Única por São Paulo Unido”. Foram mantidas as estruturas partidárias independentes.
As eleições para a Constituinte, foram realizadas no dia 03/05/1933. A Chapa Única elegeu 17 dos 22 representantes do Estado. Logo após as eleições, Vargas conseguiu aproximar-se da oposição paulista e fazer a tão desejada aliança.
No dia 21/08/1933, um “civil e paulista”, combatente de 32, toma posse como Interventor Federal em São Paulo: o Engº Armando de Salles Oliveira.
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“Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”.

Armando de Salles Oliveira/Registro Histórico/ leia aqui
  Com essas palavras, Getúlio Vargas procurava garantir o seu futuro político. O esperto gaúcho mostrava que não era por acaso que estava no comando do país. Sabia fazer política e tinha visão clara do futuro e da importância de compor e dar, como vitorioso, tratamento adequado aos adversários de ontem...
  No Palácio Tiradentes, no dia 16 de julho de 1934, era oficialmente promulgada a nova Constituição da República. A partir daí, a Assembléia Nacional Constituinte se transforma provisoriamente em Câmara dos Deputados.
  No dia seguinte, 17/07/34, é eleito Getúlio Vargas como Presidente da República do Brasil, com mandato de 4 anos. E no dia 20 de julho, toma oficialmente posse do cargo.
  Finalmente, a 14 de outubro de 1934 são realizadas eleições para a Câmara de Deputados e para as Assembléias Constituintes dos Estados. Além de elaborarem as respectivas Constituições Estaduais, elegeriam os governadores e senadores, transformando-se provisoriamente em assembléias ordinárias.

A esperteza e a capacidade do Ditador Getúlio Vargas em cooptar seus adversários políticos sempre foi reconhecida. E Vargas soube compreender a dimensão da patriótica mobilização paulista: um perigo que poderia contaminar todo o povo brasileiro. Assim, em agosto de 1933, em um gesto próprio de quem tem a inteligência e a sagacidade para ficar discricionariamente 15 anos no poder central (1930/45), estendeu aos paulistas, sem limitações, as reivindicações mais prementes que levaram à deflagração do movimento insurrecional paulista: a autonomia na gestão do governo paulista e a fixação das datas das eleições constituintes.

Armando de Salles Oliveira foi nomeado, em 1933, Interventor Federal até a sua eleição, pelos Deputados Estaduais Constituintes, eleitos em 1934, como Governador do Estado de São Paulo, em abril de 1935. Uma das condições para que Armando Salles aceitasse o convite foi a da concessão de anistia aos revoltosos de 32, que puderam retornar do exílio. Mesmo derrotados na luta armada, os constitucionalistas alcançaram os seus objetivos políticos.
O escritor Hernâni Donato, em seu livro “A Revolução de 32”, edição Círculo do Livro/Livros Abril, 1982, pág.177, destacou a importância dessa escolha:

“Particularmente aos paulistas, que seguiam amargando a  rendição particular, Getúlio quisera fazer provar a 21 de agosto de 1933 o sabor aliciante, desarmante, de alcançar um objetivo obstinadamente perseguido. Nomeou  Armando de Sales Oliveira – civil e paulista – para a interventoria federal em São Paulo. Assinando o decreto, enfatizava: “Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”.

“Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32”.

Jogada de mestre do caudilho gaúcho, mas que representou a possibilidade de reagrupamento da cidadania paulista e a efetiva possibilidade de se provar a capacidade administrativa dos revolucionários constitucionalistas e o indiscutível sentimento de unidade nacional que sempre os motivou.
Fruto da Revolução de 32, a mobilização dos paulistas para as eleições presidenciais de 1937 foi o maior acontecimento político da época. Com as eleições estaduais para a Constituinte Paulista de 1934 e o governo arrojado e inovador de Armando de Salles Oliveira, o Brasil passou a se espelhar e a esperar que o grande democrata paulista levasse para todo o Brasil, as novas e modernas técnicas de bem gerir o serviço público que implantou em São Paulo, além da verdadeira revolução educacional com a criação pioneira da USP – Universidade de São Paulo.
O governador Armando Salles trouxe para a gestão pública a experiência que tivera ao criar, na iniciativa privada, moderna empresa voltada ao treinamento e formação de gestores. Essa sua atuação no setor produtivo repercutiu muito em todo o país, especialmente com a criação bem sucedida do IDORT – Instituto de Desenvolvimento Organizacional do Trabalho. O IDORT preparava lideranças para a boa e eficiente gestão administrativa, além do ensinamento das modernas e eficientes técnicas organizacionais de trabalho. Ao mesmo tempo e também em iniciativa pioneira e revolucionária, Armando Salles investiu maciçamente na educação e implantou as Escolas Profissionais (posteriormente, denominadas Escolas Industriais) na capital e no interior do estado.
Assim, estavam elencados os objetivos imediatos: modernizar o serviço público, investir na educação prioritariamente e implantar novas e produtivas técnicas organizacionais para a otimização da máquina estatal.

O Estado Novo. O Exílio.  A Derrota da Democracia...

Em 1937, Getúlio Vargas dá o Golpe de Estado e implanta o Estado Novo (10/11/1937). A democracia é derrotada. A Constituição de 1934 é revogada. As Casas Legislativas (Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores) são fechadas. Os Governadores e Prefeitos são depostos; são nomeados os Interventores Federais. As Bandeiras dos Estados são queimadas em praça pública pelo Ditador Vargas! O caudilho Vargas passa a governar por Decretos Leis...
Esse filme já foi visto em 1930...

No mesmo dia do golpe, Armando é preso em seu apartamento do Rio de Janeiro. É enviado para Minas Gerais onde fica isolado até maio de 38. Em novembro (03/11/1938), segue de navio para a Europa. Era o desterro. Era o exílio que duraria até 07 de abril de 1945, quando regressaria, já muito doente, falecendo em São Paulo (17/05/1945).

Em sua última homenagem, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a presença dos amigos e familiares. O caixão é fechado. Carregam o esquife os profs. Jorge Americano, Gabriel Rezende, André Dreyfus, Benedicto Montenegro, Teotônio Monteiro de Barros, Soares de Faria, Fonseca Telles, Pacheco e Silva, Zeferino Vaz e Waldemar Ferreira.  Os discursos do prof. Jorge Americano, Reitor da USP, do prof. André Dreyfus, Diretor da FFCL e do acadêmico Waldir Troncoso Peres, orador do Centro Acadêmico XI de Agosto. No cemitério da Consolação, Otávio Mangabeira proferiu, de improviso, ao baixar o corpo à sepultura, belíssimo e comovente discurso.



outubro 22, 2012

Mensalão e o Estado de Direito no Brasil!

VITÓRIA DA JUSTIÇA E DA DEMOCRACIA BRASILEIRAS!


Decidido o julgamento do MENSALÃO e condenados os réus, é preciso que se deixe uma palavra sobre o importante papel exercido pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL na garantia do ESTADO DE DIREITO e na CERTEZA de que o Brasil não irá tolerar a pratica da CORRUPÇÃO através de CRIMINOSOS DO COLARINHO BRANCO, mesmo que investidos em cargos políticos da maior relevância e obrando crimes pretensamente acobertados pelo manto do Poder!

Com o julgamento do último item, sobre a FORMAÇÃO DE QUADRILHA, é importante destacar a atuação de 4 ministros do STF: Luís Fux e Celso de Mello e, no contraponto, Ricardo Lewandowiski e Dias Toffoli. Claro que deixando como exemplo de atuação a figura, agora já lendária, do ministro relator Joaquim Barbosa.


Os ministros Fux e Celso de Mello assumem, no STF, a VANGUARDA JURÍDICA dos magistrados brasileiros. Sem demérito aos demais ministros, há que se reconhecer o profundo saber jurídico desses dois ministros. Com certeza, por terem suas origens na vida acadêmica, respectivamente do Rio de Janeiro e de São Paulo. Mas ficou evidente a liderança de ambos com seus votos detalhados e minuciosamente consolidados pela melhor doutrina e jurisprudência. É um orgulho para um país ter juristas desse calibre.

O ministro Fux, magistrado de carreira e docente da UERJ, nomeado para o STF pela presidenta Dilma Roussef. O ministro José Celso de Mello Filhoo Decano do STF! -, membro do prestigiado Ministério Público do Estado de São Paulo e nomeado para o STF, em 1989, pelo presidente Jose Sarney, indicado pelo ministro da justiça Saulo Ramos. Com muita honra, foi meu professor na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP).

Com relação aos ministros Ricardo Lewandoswiski e Dias Toffoli já tão atacados por suas respectivas votações no processo do MENSALÃO, atuando mais como advogados de defesa do que ministros independentes da mais alta corte do país. É lamentável que a indicação de ministros para o STF propicie a que pessoas assim passem a exercer tão importante cargo. O cumprimento dos dois – olho no olho! – nos dá uma mostra de suas respectivas atuações. Na foto abaixo, o olhar do ministro Lewandowiski mostra a insegurança de quem tomou uma atitude altamente discutível...

Impossível deixar de trazer à colação deste post notícias que definem e marcam a atuação desses dois magistrados:
“Com isso, Lewandowski, por fidelidade ao ex-presidente Lula, atira na lata do lixo uma biografia de jurista que nem chegara a esboçar. Funcionário da Assembléia de São Paulo, entrou para a magistratura através de apoio político, nomeado pelo então governador Orestes Quércia para juiz do Tribunal de Alçada. De lá, conseguiu se tornar desembargador e depois foi nomeado por Lula para o Supremo, vejam só o que pode representar uma simples amizade política na vida de um modesto advogado.” (Carlos Newton/Tribuna da Imprensa/05/10/2012)

Toffoli disse à Justiça em 2006 que mensalão não existiu
Reportagem de Catia Seabra e Breno Costa, publicada, hoje, pela Folha de S. Paulo, aumenta o constrangimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que começarão a julgar os 38 reus do mensalão.
Em setembro de 2006, José Antônio Dias Toffoli, então advogado do PT, escreveu em documentos entregues à Justiça Eleitoral que o esquema do mensalão "jamais foi comprovado".
Seis meses antes a Procuradoria Geral da República havia oferecido a denúncia contra os mensaleiros que acabou aceita pelo STF.
Toffoli é um dos 11 ministros do tribunal que julgará o mensalão. Vários dos seus colegas torcem para que ele se declare impedido de julgar.
Além de advogado do PT em pelo menos três eleições, Toffoli foi assessor direto do ex-ministro José Dirceu na Casa Civil durante dois anos e Advogado Geral da União, nomeado por Lula.
(Blog do Noblat – 02/08/2012)

MINISTRO DO STF–JOSÉ TOFFOLI- PARA SER NOMEADO!

(Painel- Folha de SP, 02) Na sabatina a que foi submetido rumo ao STF, em 2009, José Dias Toffoli respondeu ao tucano Álvaro Dias sobre eventual impedimento de votar no mensalão: "Se, eventualmente, tiver alguma hipótese na qual eu tenha atuado, aconselhado, tenha tido algum tipo de orientação, é evidente que, pelas normas de impedimento, tenho obrigação de me declarar impedido ou suspeito de atuar". O hoje ministro disse nunca ter ouvido falar de mensalão em sua passagem pela Casa Civil.
(Blog do Cesar Maia – 02/08/2012)”

Importante o término do julgamento do MENSALÃO. A Nação está de alma lavada! O ESTADO DE DIREITO foi preservado pela atuação extremamente profissional e patriótica da maioria dos ministros do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL!